Cartografias em tempos de morte: do microambiente tumoral aos ecossistemas intensivos da filosofia de Alfred North Whitehead

Cartografia em tempos de morte

O presente estudo pretende problematizar os vários tempos da catástrofe cancerígena, a partir de referenciais que conjugam o conceito de “espaço vazio”, na filosofia de Alfred North Whitehead, às formulações das biociências moleculares, buscando disparar perspectivas ecológicas, sociais e subjetivas para pensar os modos de vida contemporâneos. Para o autor, o significado primário da vida é a origem da novidade. Isso significa que uma “sociedade viva” é aquela que inclui algumas “ocasiões vivas” que fluem através do vazio; mas, ao mesmo tempo, que a vida é um lance para a liberdade; a vida é o nome para a originalidade e não para a tradição; e para combinar intensidade com sobrevivência, a vida coloca um problema paradoxal: a construção de sociedades estruturadas altamente complexas precisa de roubo e desconstrução. A partir da noção de ecossistema intensivo, o corpo será reinventado em continuidade com um fora permanentemente em expansão, ganhando novas potências conectivas, novas transmutações possíveis. O corpo que sustenta as mais altas potências da vida, já será então e senão um corpo cancerígeno. À beira do abismo, a transmutação tumoral desenvolve mecanismos para evadir à morte, indo ao encontro da morfogênese intensiva dos corpos e da desconstrução do próprio organismo.

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